quinta-feira, outubro 07, 2004

Pulp na veia...



Eu ainda estou meio sem palavras depois de sair de uma sessão de Capitão Sky e o Mundo do Amanhã, no Festival de Cinema do Rio. É como se meu cérebro tivesse sido arrancado e levado para outra realidade. O filme é foooooooooda. Mas um aviso: é preciso já ser um nerd, pois você já estará anestesiado para o tipo de impacto visual, chuva de referências e estilo narrativo. Um bom exemplo disso é a fraca bilheteria que o filme arrecadou nos EUA, mostrando que o público americano é formado por chimpanzés sem o mínimo de imaginação, que se tirados de seu habitat natural, ficam agressivos e começam a arremesar cocô nos visitantes do zoológico. O filme é estiloso do início ao fim, sem fazer o mínimo de questão de ser realista, o que costuma deixar as pessoas ditas "normais" putinhas nas calças, já que não conseguem acompanhar a visão do diretor. Mais ou menos como aconteceu com alguns que se espantaram com Kill Bill.

O filme é inteiramente filmado em tela azul. Os cenários, robôs, veículos, aviões e criaturas são digitais, barateando o custo da produção, mas dando uma escala fenomenal ao longa, onde tudo parece mais épico e gargantual. Além disso, a imagem é bem granulada e com um aspecto forte de película, ajudando a casar o que é real e o que é CG. Como se já não fosse o bastante, o roteiro também funciona que é uma beleza, mostrando uma história pra lá de divertida, aventuresca, fantasiosa, bem humorada e com personagens carismáticos.

O filme já abre com uma íris, bem no estilo Metropolis original (aliás, o estilo expressionista alemão e o noir rolam direto), já mostrando que a homenagem aos filmes antigos estaria mais do que presente. Logo aparece o tradicional zepellin, símbolo do Era Pulp. O nome é Hindenburg III, isso mesmo, e ele atraca no topo do prédio Empire State. Só com isso já tava na cara que o filme seria maravilhoso. Os arquétipos pulp estão presentes, na figura da audaciosa repórter, disposta a tudo por um furo, Polly Perkins (Gwyneth Paltrow), que se junta com um antigo relacionamento, o heróico piloto Joe Sullivan, o Sky Captain (Jude Law) para resolver o mistério do aparecimento de robôs gigantes e máquinas de guerra. Eles também contam com a ajuda de uma chamorsa femme fatale, a Capitã Franky Cook (Angelina Jolie, maravilhoooooosa como sempre), da Força Aérea Britânica, que não só comanda um porta-aviões voador, como também usa tapa-olho. Praticamente uma Nick Fury com seios.

O vilão da vez é uma curiosidade a parte. É interpretado por Sir Laurence Olivier, que morreu em 1989. Pena que aparece muito pouco.

Em suma, Sky Captain é para ver e rever mil vezes só para pescar todos os detalhes. É um filme de nerd para nerd. Uma prova de amor do diretor e roteirista, Kerry Conran, para a sétima arte. E fica aqui minha torcida para que ele consiga completar os outros dois filmes, pois já declarou que seria uma trilogia. E quem não gostar... vai dar meia hora de rabo, vai!

T+