"IMMORTALITY... TAKE IT... IT'S YOURS!"
Tróia é do caralho, porém tem seus defeitos. Obviamente o filme tem muitas liberdades poéticas em relação a Ilíada de Homero. Os deuses não dão as caras (exceto pela deusa Tétis), mas são apenas mencionados como citações religiosas e a imortalidade de Aquiles funciona mais num tom lendário. Ficou legal da parte do roteirista escolher uma abordagem mais realista da guerra (além de diminuir ela de dez anos para apenas algumas semanas), mas às vezes eu me pegunto o quanto seria legal realmente levar tudo para uma abordagem mitológica e fantasiar logo de uma vez. Ia ser divertido pra cacete.
Os defeitos principais estão na trilha sonora, pouco expressiva, culpa do próprio diretor, Wolfgang Petersen, que não gostou da trilha que estava composta anteriormente e substituiu o compositor um mês antes do filme ser lançado. Outro ponto negativo é essa mania feia do americano de colocar um vilão em tudo que é história, e o bode espiatório da vez foi Agamenon, interpretado por Brian Cox, que era pra ser um cara legal, mas é mostrado como um verdadeiro filho da puta. Felizmente o resto da galera se salva, mostrando que ambos os lados tinham seus heróis e homens honrados, dando um ar mais imparcial para gregos e troianos. Infelizmente Orlando Bloom deixou Páris como um franguinho assustado e apaixonado (mas, quando ele pega no arco é impossível não enxergar um elfo velho conhecido nosso). Helena de Tróia (que era de Esparta) é linda, mas sem carisma.
Agora, os pontos positivos residem em Eric Bana, como Heitor, mandando bem pra caramba no papel do príncipe troiano relutante em lutar, mas atado a obrigação com seu país. Também gostei pacas do Aquiles interpretado pelo Brad Pitt (que só fica bem quando pega algum papel de desajustado). O semideus é uma perfeita máquina de matar que ingressa na guerra por glória, mas acaba encontrando amor (Briseis, prima de Heitor e Páris) e honra. Ulisses, rei de Ítaca, interpretado pelo Sean "Boromir" Bean, aparece menos do que eu gostaria, mas se sai bem pacas. Peter O 'Toole, como o rei Príamo, exala simpatia e realeza.
Os efeitos especiais estão muito bons e as cenas de batalhas estão grandiosas, mas ainda acho que com 185 milhões de orçamento elas poderiam ser muito, mas muito melhores. Dá essa grana na mão do Peter Jackson pra ver o estrago que ele não faz (aproveita que já tem o Boromir e o Legolas no filme). Em compensação, os duelos estão muito fodas, principalmente entre Aquiles e Heitor.
T+