sexta-feira, maio 28, 2004

Mãe-Natureza com TPM...



Lá estou eu, feliz e contente, pronto para comprar meu ingresso para assistir um filme catástrofe numa sala digital, ou seja, sinfonia para os meus ouvidos. Mas a Lei de Murphy não deixa barato e a mulher do caixa diz que as sessões na sala digital estavam temporariamente canceladas. GRRRRR! RACKUNFRACKUN!!!! Ok, eu assisto numa sala normal. O som pode ser bom mesmo assim, mas o que eu queria mesmo é ter a minha pele arrancada do corpo.

Bem, sobre o filme... não tem nada demais. Nem de muito ruim, nem de muito maravilhoso. A melhor parte é a primeira metade, pois o climax dele acontece no meio, quando a merda toda acontece de fato. Embora muita gente não goste do diretor Rolland Emmerich, eu tenho que dar crédito pro cara quando o assunto é filme pipoca despretencioso, embora O Dia Depois de Amanhã tenha uma pretenção de mensagem ecológica. Na verdade, a mensagem é mais um aviso, porque por mais cinematográfico que as cenas de tempestades e congelamentos tenham ficado, elas não são um exagero do que pode acontecer realmente.

Ainda falando da primeira metade, ela serve para apresentar os personagens. Temos como protagosnita do paleoclimatólogo interpretado por Dennis Quaid, que prevê de acordo com uma simulação desenvolvida por ele, que o aquecimento global pode levar a Terra à uma segunda Era Glacial em mais ou menos 100 anos. Ele só não sabia que a merda ia acontecer em alguns dias. A principal qualidade do diretor é saber montar um cenário de catástrofe iminente, começando logo de início com uma geleira se partindo no pólo norte, seguindo para neve em Nova Deli, uma chuva pesada de granizo em Tóquio, e se encaminhando para condições climáticas cada vez mais severas ao redor do globo. Daí por diante é só festa. O ataque de tornados em Los Angeles mostra bem o que o CG é capaz de simular hoje em dia. Na Escócia, helicópteros são pegos no centro de uma massa de ar, onde embora não vente, a temperatura cai dez graus por segundo, congelando tudo e todos praticamente de imediato (não sei se essa parada tá meio fantasiosa... seria preciso um climatólogo pra explicar melhor do que eu). Depois vemos Nova Iorque (eita cidadezinha pra sofrer em filmes... e na vida real), sendo engolida pelas águas e depois sendo congelada.

Mas a diversão acaba aí. A segunda parte do filme, depois que a merda está feita, e o hemisfério norte está mergulhado num inferno gelado, é mais concentrada nos personagens e na sua luta pela sobrevivência, em situações de risco certas vezes forçadas em prol da ação cinematográfica, como por exemplo os caras indo pegar medicamentos para salvar a vida de uma amiga, a bordo de um navio e tendo que enfrentar lobos que fugiram do cativeiro. Pra que isso? Bem, devo admitir que se não fosse por esses momentos nego não ia ter muito o que fazer da metade do filme em diante. Será um mal necessário? Se posso tirar algo de bom dessa parte da película é que mostra uma imigração reversa, quando os americanos começam a passar ilegalmente pela fronteira do México. Divertido ver os sobreviventes do hemisfério norte pedindo asilo aos países de terceiro mundo que ainda estão quentes. O presidente mexicano ainda lasca essa: "Ok, vocês podem entrar se perdoarem a dívida externa". É numa merda assim que eu vou me sentir bem de estar num país tropical.

T+